João Paulo Fonseca

João Paulo Fonseca

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Início de uma longa rodagem

Inicio este blog na segunda pessoa.
Durante muito tempo tenho ouvido histórias de grandes aventuras, que fazem qualquer um entusiasmar-se e deixar-se conquistar através de longas descrições, sentidas com uma intensidade impressionante.
Criei este blog para deixar que o meu pai inspirasse aqueles que, apesar de longe, acabam por estar tão perto com apenas uma distância de um clique, e para que pudesse partilhar com inúmeras personalidades que tem conhecido ao longo desta jornada as suas histórias.
Sempre considerei que as suas aventuras eram uma prova de que a nossa força de vontade nos leva a viagens intermináveis e nos faz (literalmente!) chegar tão longe...! Os nossos limites são aquilo que a nossa própria mente estabelece como uma barreira que não somos capazes de atravessar. O meu pai começou tão naturalmente, desajeitado, sôfrego e, duma maneira verdadeiramente surpreendente começou a destacar-se, devido à sua "desacreditação" por limites e barreiras que o pudessem deter. Hoje sei que, tudo o que faz, se baseia numa enorme força de vontade constante de se superar, conhecer paisagens silenciosamente impressionantes, contactar com pessoas que representam a palavra inspiração e assim vai contagiando todos aqueles que estão à sua volta.
Com este espaço espero que a sua jornada seja partilhada, que consiga aumentar os seus projectos e que nunca deixe desvanecer os seus pensamentos, memórias, imagens e vivências.


Desejo-vos um óptimo Natal, recheado de prendinhas para "kitar" as bikes e, muito brevemente, terão certamente outro post recheado de relatos de adrenalina e aventuras.

Rita Fonseca

8 comentários:

  1. Olá
    Rita

    Parabéns pelo que escrevestes e só tenho pena de apenas agora ter lido a tua mensagem.
    Sem dúvida que o teu pai consegue inspirar as pessoas com as histórias que vai contando.
    Eu que de perto o tenho acompanhado nalgumas aventuras e ele nas minhas, fazem-me sentir um pouco desta maravilhosa história que ele um dia irá contar.
    Nisto de histórias nós devemos sempre nos lembrar de contar o inicio.
    Eu aos poucos fui acompanhando o inicio do teu pai no BTT mas o primeiro momento que realmente tenho a ideia de ter sido a faísca para todas estas maratonas que ele tem ultrapassado, foi no Caminho de Santiago Português. Éramos 7, 7 inocentes que partimos à busca do desconhecido, da espiritualidade que este caminho encerra na sua realização. Aconteceu-nos de tudo, mas foi um dos bons passeios que realmente fizemos.

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  2. Não sei se é aqui neste quadradinho, que o protagonista deve apresentar-se. Percebo pouco destas coisas. Mas é como no Caminho. O primeiro passo é que custa.
    Pois foi como o Luís diz. Se um dia publicar algum livro o titulo já o tenho: "Tudo começou com o Zé Manel". Quando mede safiou para fazer com os outros 6, o Caminho de Santiago Português. Na altura pensei: bom mas quem é esse tal S.Tiago? Eu quero ir com os meus amigos, para a pandega, para perder barriga, para ver se consigo tal proeza, mas não tenho nada a ver com este Tiago. Ainda por cima Santo.
    Lá partimos. Quando cheguei a Santiago, a barriga estava maior por causa das cañas, divertimo-nos muito, foi memorável. E conheci o tal S. Tiago. Não na Catedral, porque nem lá entrei, mas o Santiago veio ter comigo, ao longo do caminho, e apresentou-se delicadamente, mostrando as formas e as vestes que usa no Caminho para ajudar os peregrinos. Fiquei convencido e fascinado. Apartir dessa viagem, tornei-me peregrino e companheiro de viagem do S. Tiago.

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  3. Caro Amigo, Peregrino, Companheiro de Luta, Amigo das Canas....João Paulo...!
    Quem diria que depois daqueles, simples, mas dolorosos 200 kms do Caminho Português a Santiago de Compostela, iria ser o primeiro de tantos muitos Caminhos que irias percorrer. É com muito orgulho, felicidade e satisfação que te ouço contar as histórias, aventuras, relatos dos Caminhos de Santiago... Quereria eu ter a tua idade.... Gostaria que quando chegasses aos meus quase 40 anos que tivesses essa disposição, força, dedicação e vontade para ainda concretizares todos os teus objectivos. Historias, relatos, aventuras com este peregrino não faltam... Mas posso, penso que o próprio, não se importará, que eu faça este relato...posso então contar, que um certo dia, recebo um telefonema do João Paulo, contando que estava em vias de abortar a viagem que iria ligar Roma a Santiago.... Uma das grandes maluqueiras deste peregrino...Uma grande fatalidade tinha acontecido... O pai tinha falecido dias antes, a vontade não seria muita de fazer esta viagem, mas não hà nada que derrote este Homem... Depois de uma grande conversa, lá por fim me conta que o pai tinha sido um aventureiro, viajante...Iria para a frente com o projecto. E inspirado um pouco no filme The Way, realizou tal viagem, transportou as cinzas do pai com ele, espalhando pelo Caminho e depositando no Alto do Perdão! Caro João Paulo, ainda hoje, estando a escrever estas linhas, sinto um nó na garganta e..... Bem, acho que foi um acto de tamanho orgulho, homenagem de um filho para um pai....e tive o prazer de ter estado no mesmo dia, da tua chegada desta grande viagem, por coincidência, na Catedral de Santiago e de te ter dado um abraço em frente à Catedral.
    Acho muita boa ideia este Blog, mas João Paulo, com a experiência que tens, deverias, ou escrever um livro de memórias, ou um Manual de Como Fazer os Caminhos de Santiago...
    Seguirei este blog, e colocarei algumas fotos do grupo de peregrinos que viram "crescer" este velhinho.... Um grande abraço João Paulo!

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  4. Para quem ler estas palavras, este é o Zé Manel que me mostrou o Caminho pela primeira vez.
    Esse momneto que falas tambem dá o tal nó na garganta.
    Se tentar falar da viagem de Roma a Santiago em poucas palavras, direi: até ao Alto Perdão, foi em tons de preto e branco. Apartir daí e após a homenagem ao meu Pai, foi com todas as cores do arco-irís.
    Até á Serra do Perdão, entre Pamplona e Puente la Reina, sofri com o frio, chuva, neve queimei as orelhas no Maciço Central em França. Apanhei ventos fortissimos que mal segurava a bike á mão, caí na lama, tranportei a bicicleta ás costas centenas de metros, com lama até ás orelhas, perdi umas luvas. Desesperei.
    O purgatório não deve ser muito diferente.
    Chorei sózinho várias vezes, de sofrimento. Tentei rezar, mas descobri que sou um desgraçado, só me lembrava da primeira e segunda frase do Padre Nosso.
    Então aí acordei, e pensei pois é em memória Dele que estou aqui. Na vespera da chegada ao Alto Perdão, local carismático do Caminho Francês, apanhei tanta chuva, que quando cheguei ao alberge, tive de pedir um lenço de papel para limpar as mãos da agua e lama para pegar no BI, credencial e dinheiro.
    Estava esgotado fisica e psicologicamente. Mas ao mesmo tempo estava tranquilo, porque a obsessão que me acompanhou toda a viagem estava a um passo de a concretizar. O dia seguinte era o grande dia de toda a viagem. E foi de facto. O dia nasceu com um sol tão radioso que fiquei até comovido quando saí do alberge. Aquele dia foi preparado para nós.
    Para eu depositar as cinzas com uma pequena fotografia do meu Pai, mais próximo do Céu. Num dos sitíos mais bonitos que que conheço no Caminho de Santiago.
    Curiosamente no momento em que eu e o meu Pai estavamos a conversar emocionados sobre os nossos caminhos, aparece um autocarro com turistas Austiacos.
    Era português e o motorista de Setubal. Que bem me soube conversar com aquele homem sem nome.
    Entre as palavras banais de circunstancia, senti um sussurro como uma brisa, que me disse: não estás sózinho.
    Agora penso, nada na vida acontece por acaso.

    Um grande abraço de peregrino.

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  5. Olá Madre Superiora Rita e Caro Confrade João Paulo

    Depois do que li, que dizer mais.
    Isto é já entrar numa alta gama de aventuras e peregrinações.
    Eu como o teu pai e talvez como muito outros temos um modus vivendi e operandi nos Caminhos que pouca gente tem. Fontes de inspiração e e de grande sacrificio mas que esse é feito com grande carinho e dedicação. Muitas estorias se juntam mas isso é mesmo o Caminho.
    Para mim Rita, é uma grande Honra ter conhecido e conhecer tão Insigne Confrade. Muitas vezes tenho-o como inspiração pois só quem faz o caminho é que o sente e de que maneira, mas Tiago, esse grande guerreiro, está lá para nos ajudar. Acredita que é verdade.
    Rita tens um pai fantástico e espero que um dia tenhas o prazer de fazer o Caminho com ele, faço votos por isso e por certo, Tiago também.
    Quanto a ti, caro Confrade João Paulo, acho que só preciso dizer apenas uma coisa pois penso que tudo está tudo contido que é...........................
    1 abraço e um queijo da serra
    Miguel K2 sampaio

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  6. Fico bem quando te vejo partir. Gosto da imagem bonita que vejo. Uma bicicleta com alforges a denunciar uma aventura, um ciclista de sorriso espontâneo , não cansado, muita cor, promessa de vida.Fico bem porque sinto que és feliz assim a deixar-te levar por duas rodas que conhecem bem as setas amarelas dos Caminhos de Santiago. O Caminho é mágico, não sei porquê, mas também já o senti.É isso que tu procuras é disso que tu precisas, aquele conforto, aquele silêncio a beleza de não ter relógio nem tempo contado, apenas deixar que aquele Caminho te leve e ensine. Quando chegares eu espero que me contes. Bom Caminho. Mi.

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  7. Boa noite amigo João, sou o André, um dos rapazes que teve consigo em Campo Maior, espero que essa viagem corra da melhor forma e sem grandes problemas. Foi com enorme orgulho e com grande prazer que partilhamos umas palavras e lhe prestei a ajuda que tinha ao meu alcance. Desejo-lhe muita sorte com as suas aventuras e pode ser que um dia nos voltemos a encontrar.
    Um grande abraço.

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  8. Olá Sr.João Fonseca sou o Rogério, um dos rapazes que teve consigo em Campo Maior(Portalegre).
    Espero que esteja tudo bem consigo.
    Gostei bastante de o conhecer deu para ver que é uma pessoa humilde, corajosa e com uma grande alma, pelo que li nos comentários anteriormente.
    Depois tem que dizer como correu, essa grande travessia, que eu tanto gostaria de fazer futuramente.
    Espero que ainda nos encontre-mos algum dia por esses trilhos fora.
    Foi um prazer conhecer-lo.
    Um grande e forte abraço.

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