João Paulo Fonseca

João Paulo Fonseca

terça-feira, 13 de maio de 2014

Regresso a casa

Cheguei ontem a Santiago. Que sensacao maravilhosa. Fiz 3300 km em 40 dias. Passei frio, apanhei chuva, neve, granizo, vento, calor. Dormi em albergues, em tenda, no chao, em hostel em pousada da juventude, em pensao. Percorri 90 km a pe, desde S. Jean Pied de Port ate Pamplona na companhia de 46 amigos peregrinos portugueses. A cereja em cima do bolo Vi muitos sitios bonitos e pessoas com paisagens interiores fascinantes. Fiz amigos, reencontrei outros....aprendi muito. Tenho a sensacao que o destino me colocou nas maos das pessoas certas, durante toda a viagem. Sinto-me afortunado. Ocorre-me trez palavras: Querer, acreditar e resistir. Os sonhos sao possiveis. Assisti ontem ao botafumeiro na Catedral. Muito bonito. E alem da tradicional Compostela tenho tambem a Cotolaya. Comemora-se este ano o 800 aniversario da peregrinacao de S. Francisco de Assis a Santiago. Para assinalar a data, a Ordem Franciscana de Santiago de Compostela passa a Cotolaya, um documento do tipo da compostela, aos peregrinos que se dirigem a Igreja de Sao Francisco de Assis aqui em Santiago. Encontrei ontem um bicigrino portugues de Lisboa, que veio em peregrinacao desde Bratislava, Eslovaquia ate Santiago. Sao 4400 Km. Vai regressar a casa daqui, de Santiago para Lisboa a pedalar. Pois, tambem vou regressar a casa de bicicleta. Vou iniciar daqui a pouco, o Caminho Central Portugues, em sentido inverso, ate a Se de Braga. Vou chegar 6 feira entre as 15 e 16 horas. Convido todos os meus amigos e seguidores do blog e facebook a acompanhar-me a pe, de bicicleta, a cavalo, de mota, em transporte publico, nos metros finais desta viagem ate a Se de Braga. Combinado? Ate sexta feira e um agradecimento muito grande pelo vosso apoio diario.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Tomei uma decisao

Sim. Estou em Burgos no albergue. Nao contava ficar aqui, mas é a oportunidade para visitar a Catedral e apanhar um computador para escever estas palavras. Passei 3 dias optimos na companhia do grupo dos portugueses, com quem fiz tres dias de marcha ate Pamplona. Permitiu descancar uns musculos e por a trabalhar outros. Permitiu tambem perceber que atravessar os Pirineus a pe, e menos dificil que de bicicleta carregada. Os dias passados com estes amigos foram fabulosos. Falar, pensar, rir e emocionar-me em portugues foi um balsamo para a alma. Carreguei as baterias ao maximo com estas pessoas maravilhosas. Esta energia vou agora dosea-la durante os proximos 6 ou 7 dias. Estou a 500 Km de Santiago, e penso que daqui a uma semana chegarei. Nao sei ainda como vou para Braga, mas depois decido. Talvez ate desca até Braga a pedalar de forma a estar em casa na 5 ou 6 feira dias 15 e 16. O destino o dirá. Tomei uma decisao. Penso que até ao fim da viagem, nao gastarei todo o dinheiro que os meus patrocinadores me deram. Tenho feito uma vida espartana. Estou de férias mas nao estou em férias. Estou noutro registo pessoal. Entao o dinheiro que sobrar, vou entregar como donativo ao centro Social e Paroquial de Esmeriz, em Famalicao. Como o dinheiro da net deste computador esta a esgotar, envio um grande abraco e até para a semana. Já comeco a ter saudades da gente da minha terra.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

30 dias de viagem

Estou em S. Jean Pied de Port. Cheguei ontem e vou repousar um dia. A ideia e acompanhar a pe, um grupo de portugueses ja conhecidos do Caminho de Santiago e de outros caminhos. Encontramo-nos quando eu vinha de Roma. Foi um momento magico. Sabendo que que vinham a SJPP hoje, nao fico indiferente a este designio do destino. Chegam ao fim do dia em autocarro. Vai ser celebrada uma missa e no dia seguinte partimos todos para Roncevalles. Vou acompanha-los nas 3 primeiras etapas do Caminho Frances ate Pamplona. Depois despedimo-nos e eu sigo o Caminho de bicicleta. Vai saber bem tagarelar em Portugues durante tres dias. A ultima vez que escrevi no blog, foi em Paris, na casa de Ze Rey e da Maria. O Rey e ele mas durante dois dias senti-me menbro da coroa. Fui tratado com muito carinho. Descansei, comi melhor e ate engordei um kilo. Excelente. Despedi-me com dificuldade desta familia pois apetecia-me ficar mais tempo.Mas a segunda parte da viagem estava a espera. Tenho encontrados outros compatriotas a residir em terras Gaulesas. Em Etampes foi engracado. Estava a fazer horas num jardim publico. Era Domingo. Passei por uma familia composta por varias senhoras e muitas criancas. Quando viram a bandeira portuguesa na bicicleta...., desataram aos saltos e gritavam: Viva Portugal, viva Portugal. Era uma familia de S. Tome e Principe. A historia colonial Portuguesa foi ali descrita expontaneamente. Entretanto ja passei em Orléans, Tours, Poitier, Bordeus, Ostabat e S. Jean Pied de Port. Neste momento completei 2500 Km. Apos Bordeus tive duas etapas muito duras. O terreno era plano mas o caminho decorria entre pinhais. Portanto muita areia e para dificultar, o vento de Sudeste. Neste trajeto tenho encontrado pessoas muito interessantes. Estive em casa de um ciclista em Poitier, chamado Gilbert, que conhece quase o mundo inteiro viajando de bicicleta. Em S. Jean de Angelis conheci o Jérôme e a Frederic Rose. Ha dois anos percorreram a America Latina em bicicleta. E agora a Frederic escreveu um livro que esta em fase de revisao grafica. Ficou prometido enviar-me um exemplar autografado. Folheei o livro e ficou esta frase na memoria: Tiengo el Chile no corazon e a la Argentina em las piernas. Contactar com outros viajantes em bicicleta e entar no mundo dos sonhos Bom.... agora deixo o resto das historias para outro dia. Um abraco a todos que me tem feito companhia no blog e no Facebook.

sábado, 19 de abril de 2014

Paris 1500 Km

É isso. Cheguei a Paris. Momento importante para mim. É metade da viagem. É estar com o meu amigo Zé. Ciclista convicto e recuperar peso com os cozinhados da Maria. Curiosamente ontem ao jantar comemos vieiras. Soube a comemoração. Hoje há outra comemoração. É o aniversário da Alexandra. Filha da Maria e do Zé. Estou agora a preparar a restante fase da viagem contactando os wormshoers das próximas etapas. Aproveito também para lavar alguma roupa e lavar também a bicicleta. Agradeço muito o apoio que tenho sentido dos amigos e imensas pessoas que através deste blog e do facebook me tem feito sentir sempre acompanhado. Um grande abraço a todos.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Charleroi

Estou na Bélgica, quase a entrar na França. Fiz 1200 Km. E até agora homem e máquina estão a funcionar bem. O tempo tem ajudado. Frio mas maioritariamente tempo seco. Antes de me afastar muito da Alemanha, devo falar da forma como os germânicos encaram o uso da bicicleta.É  enorme o número de pessoas que se deslocam diariamente de bicicleta. Convivi com alguns que nem possuem carro. As cidades sao planas e existe uma boa rede de transportes públicos, onde se pode transportar a bicicleta. Munster é a capital alemã das bicicletas. Cada habitante tem em média, três bicicletas, Duas estragadas e uma a andar. Munster tem o maior índice de criminalidade devido ao roubo das ditas. Interessante. E vê-se de tudo. Pasteleiras, algumas já a chocalhar. Com cesto à frente ou atrelado. Triciclos com duas rodas à frente ou atrás. Porta bagagem à frente, tipo caixa de gelados, ou atrás. Uma diversidade curiosa. Um exemplo a seguir.
Outras histórias. Em Colónia fui recebido pela Louise e o Ludwik. Um casal holandês muito hospitaleiro e simpático membros da wormshoers. Ocupados com a mudanca de casa de uns amigos, propuseram jantar as sobras do jantar anterior. Venham as sobras, pensei. Sou um bom reciclador. As sobras foram nada menos, que comida da Georgia. Sim. O país junto à Turquia e Arzebeijao. Imaginem comida diferente e saborosa acompanhada dos respectivos vinhos da Georgia e Arménia. Ao sons de música do folclore georgiano. Inesquecível. Se eu fosse para um hotel nao tinha história. Outro episódio bonito. Cheguei a Aachen ja perto das 20 horas. Enquanto esperava pelo meu WS dessa noite, percebi um movimento de pessoas na minha direcção. Era o Rui e três amigas. Duas delas portuguesas e a outra alemã. O Rui estuda engenharia mecânica. Foi um momento de grande alegria mútua. Tagarelamos sem parar. Tiramos fotografias, fizeram perguntas. Rimo-nos da mistura das várias linguas. Português, alemão inglês.... Despedimo-nos a custo. O Jayesh tinha chegado, de bicicleta, para irmos para casa. O meu anfitrião wormshoers, é indiano e....pasme-se, natural de GOA. Tinha acontecido um momento soberbo. Seis deconhecidos atraídos pela bandeira portuguesa. Todos de origem diversa mas unidos naquele instante, pela portugalidade. Agora vou jantar em casa da Andrien. Estão à minha espera. A próxima crónica será de casa do José Rei em Paris. Faltam 3 ou 4 dias de viagem. Ate lá. Obrigado pelo vosso apoio.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Dorsten

Estou em casa de um casal alemäo muito simpatico, Gabi e Rainer. Ja tomei duche e a Gabi esta a preparar o jantar. Cheira muito bem. Ontem aconteceu um episodio engracado. Ao chegar a Munster, ouvi na rua: Boa tarde! Travoes a fundo. Era o Sr Alfredo Cardoso da Figueira da Foz. Homem ligado ao desporto aqui na Alemanha. Praticou atletismo e ultimamente arbitragem de futebol. Pessoa culta e conhecedora da actualidade portuguesa. Convidou-me para comer um gelado e tomar um cafe num estabelecimneto portugues. Que momento agradavel. Mais tempo o Sr Alfredo tivesse, mais conversa teriamos. Despedimös a pressa, porque ia visitar a esposa. Tinha sido operada em Essen. Perdido com as horas fui directo procurar o warmshoers em Munster: Gero Walters. Assim nao tive oportunidade de visitar a cidade. Nao se pode ter tudo. Hoje demanha outra magia da bandeira portuguesa. Em Amelsburen encontrei a Rosalia de Carrazeda de Ansiaes. Curiosidade: ja fez o Caminho de Santiago varias vezes. Tambem tem o fascinio da concha e das setas amarelas. A conversa foi curta porque a Rosalia estava em trabalho naquele momento. Mas foi reconfortante falar portugues e do Caminho de Santiago. A mesa ja esta posta e nao quero ser desagradavel. Aproveito para agradecer todas as mensagens de apoio no blog e no faceboock.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Balanço dos 300 Km

Estou a escrever de Osnabruck. No primeiro dia conheci a D. Maria. Portuguesa a viver perto de Estarreja com familia em Hamburgo. Foi o marido que me deu boleia do aeroporto de Bremen. O Sr Jose quase desmontou o carro para meter a bicicleta e dar boleia a outro compariota, Sr Lobo. Encontrei me com o Carlos Fernandes na estacao como combinado, e fomos a missao Catolica portuguesa em Hamburgo. Fui recebido pelo padre Sergio que me deu a bencao, ofereceu me a santa protectora dos viajantes e o carimbo na credencial. Dicidi ficar o dia seguinte para conhecer Hamburgo. O Carlos foi um guia profissional e hospitaleiro. Lembram se da foto do bacalhau? Sai no Domingo com a faca nos dentes para papar kms. Tempo frio, alguns aguaceiros e muita planicie. A paisagem rural e muito bonita. Tudo limpo, casas bonitas. Vi alguns faisoes, coelhos bravos. Ao longe veados. Em Sittisen a bandeira portuguesa levou me a D Celia, que me ofereceu um cafe e bolo. Estava com fome, tomei duas meias de leite de penalti!! Ate agora, sinto que a Alemanha e um pais forte em agricultura. Fiz 150 Km. Estava cansado. Dormi em Bremen. Ontem esteve um dia bom. Sol aberto e 20 grau de temperatura. Fiz mais 120 Km, ate Damme. Hoje para equilibrar as dormidas em warmshoers, fiz 60 Km. Esteve frio, chuva e granizo. Amanha destino Munster, 90 Km. Agora vou comer qualquer coisa e tentar enviar fotos pelo instagran. Desculpem a pontuacao, os teclados sao diferentes.

O início

Quando estou a escrever estas palavras, a pedido do João Paulo Fonseca, já ele terá iniciado a terceira etapa.
Para trás ficaram cerca de 240km em dois dias.
Em Hamburgo, teve a oportunidade de passear pela cidade em zonas emblemáticas.
Praça onde atuaram os Beatles em 1960



A missão católica Portuguesa em Hamburgo

Ponte sobre o Rio Elba

O dia acabaria com uma surpresa muito boa um jantar com muito sabor a Portugal em casa do Carlos Fernandes, um bacalhau



Após este primeiro dia de organização iria dar início à sua viagem e para este segundo dia, primeiro de peregrinação,a chuva e o frio seriam companheiros de viagem até Bremen, em que as planícies foram o relevo preponderante da viagem.


No segundo dia bom tempo mas já apareceram algumas colinas e o vento já foi companheiro.



Chegou assim a Damme.





quinta-feira, 3 de abril de 2014

Fui patrocinado

Decorreu hoje a partida simbólica desta aventura. Foi um momento muito bonito.

Dezenas de pessoas juntaram-se á porta do edificio Agrupamento de Centros de Saude de Braga e fizemos uma pequena festa. Pequena em tamanho mas com um grande significado.

Houve abraços, beijos, fotografias.  Recebi mensagem escritas, votos de coragem, entrevistas, palmas.
Vi amigos, colegas, conhecidos, anónimos, transeuntes solidários com o inesperado acontecimento.

Vi tambem alguns rostos emocionados.

No fim perguntei ao meu ego. Gostaste?

Sim gostei, ...mas....

Outras ideias emergiram na cabeça.

Foi um momento unico. Foi como uma etapa do Caminho.

Durante aquele instante de confraternização, recebi a expressão mais genuina e incondicional de toda aquela gente.... sem estatuto socio-profisional.

Todos eles, foram os meus patrocinadores da afectividade.

Este apoio não se esfuma como o dinheiro.

Vai e volta comigo.


Dedico-o á minha familia.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Partida simbólica da Rota dos Peregrinos

Por iniciativa do Agrupamento dos Centros de Saúde de Braga e no ambito das comemorações do Dia Mundial da Saúde, vai realizar-se amanhã dia 3 de Abril ás 15 horas, no Largo Paulo Orósio em Maximinos, a partida simbólica da viagem "A Rota dos Peregrinos 2014", com a presença da comunicação social.

Estão convidados.

sábado, 29 de março de 2014

Cesária Évora

Está no mundo da musica e dos portugueses.

Em mim está na minha memória afectiva.

Era o mês de Dezembro. Vinhamos de San Jean Pied de Port, no Caminho Francês. Desta vez na companhia do Jaime. Amigo de longa data e homem destas e de outras andanças.

Estávamos na zona de El Burgo Renero e Mansillas de Las Mulas.

Parámos no bar mais icónico do Caminho Frances de Santiago.

Este mesmo. Diferente não é?

Esta aparência não é só por fora.

Dentro tem as paredes repletas de inscrições, mensagens, bandeiras, moedas e notas esquesitas, conchas. Enfim um colorido que transformou este bar num ponto de passagem obrigatório a todo o peregrino que se preze.

Entrar neste bar, é respirar e sentir o espirito do Caminho.

Desta vez,  estava a tocar num aparelho manhoso, a musica Saudade da Cesária Évora.

Fiquei anestesiado. Estava a ouvir em lingua portuguêsa, a musica que fala de um sentimento que só os portugeses sabem o significado deste vocabulo.

A saudade.

E foi ao som da Saudade que saboreei o bocadilho.  Com o olhos no prato, para não ser perturbado por mais nada. Aquele momento era meu.

Acordei daquela letargia, quando o dono do bar dizia ao Jaime que tambem gostava de fado.

Lá tentei explicar que era uma morna cabo verdiana. Mas não insiti. O homem era teimoso e eu não queria esquecer a magia da musica.

Continuámos o nosso Caminho sem falar, mas a soletrar a musica em pensamento.

Ao chegar a Portugal percebi que a Cesária tinha falecido.

A Saudade continua viva em mim.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Ser Português

Todos os ciclistas que fazem viagens tem um cuidado. Diminuir a tralha e como consequencia o peso.
A bagagem é toda pesada na balança da cozinha, no meu caso, antes de ir para os caminhos.
Menos peso, menos esforço fisico, menos cansaço.. mais prazer.

Ao contrário desta lógica, há dois objectos da minha bagagem que tem vindo a aumentar.
A concha de Santiago e a bandeira Portuguesa.

A concha da vieira, reflete o crescimento espiritual.

A bandeira tem uma história que cintila na memória.

Quando fiz a via Pudiense, desde Puy-en-Velay, ao fim do terceiro dia de viagem caí a descer, numa zona de pedras.

Nada de grave á primeira vista. Mas quando comecei a subir, as velocidades já não entravam.

Diagnóstico: desviador traseiro empenado. Tentei arranjar com as proprias mãos , mas sem exito.

Continuei viagem mas com muita dificuldade sobretudo nas subidas. Tinha de empurrar a bicicleta á mão. Estava na zona de Aubrac. Região montanhosa de sobe e desce constante.

Fiquei com a moral em baixo. Só tinha feito 300 Km, faltavam ainda mais de mil para chegar a Santiago e já tinha uma avaria. Porcurei oficinas de bicicletas nas aldeias, mas eram demasiado pequenas para ter oficinas e a bicicleta não era o meio de transporte ou lazer muito utilizado por aquelas bandas. Passei três dias nestas circunstancias.

Perto de Figeac numa interminavel subida em asfalto, feita mais uma vez a empurrar a bicicleta, pára uma carrinha caixa aberta ao meu lado. Hei?? O que faz um português por aqui????. Respondo eu: Estou a fazer o Caminho de Santiago, sou de Braga.......
Enquanto conto a minha história, o meu interlocutor, percorre-me com o olhar, de alto a baixo. Terá pensado concerteza. Ou é maluco ou é perigoso.

Então vai para Santiago? em Espanha? Mas é muito longe! Então o Caminho para Santiago de Compostela passa aqui? Hummm,.. por isso é que vejo muitas pessoas de mochila ás costas a passar ali á frente, onde estou a fazer uma obra. E está tudo a correr bem?? pergunta o português.

Respondi que sim...mas falei da avaria nas mudanças.

Isso resolve-se já!!! Faz um telefonema de imediato e dispara..."meta a bicicleta na carrinha".

Assim fiz. Levou-me a uma oficina de bicicletas na cidade, esperou que a reparação ficasse concluida e levou de novo ao local onde me encontrou. Ainda a uns bons kilometros.

Fiquei estonteado  de alegria com este acontecimento.

Despedimo-nos com emoção. Eu por ter sido salvo pelo Carlos Silveira e ele por ver partir um compatriota.

Por isso desta vez, levo uma bandeira grande.

 
 
Do tamanho da alma de ser Português.







sábado, 22 de março de 2014

Os Burros

Ei-los:
 
 
As meninas não se vêem bem na fotografia. Iam a pé, todas contentes a cantarolar.
Dá que pensar.
Não dá ?

Os Burros

Na viagem de le Puy-en-Velay, outro caminho de Santiago em França, fiquei marcado pelas histórias dos burros. Passo a contar.

Cheguei a Condom, já ao fim da tarde, humido e depois de um dia de trilhos de montanha mais propicíos a pedestres. Com muita lama e  aguaceiros desagradaveis. Procurei o convento onde alojam peregrinos. Instalei-me, tomei duche e lavei a transmissão da bicicleta. A sequencia do costume.

Fui jantar á sala de refeições do convento, destinada aos peregrinos.  Era fim de semana, as lojas já estavam fechadas, por isso não tive oportunidade de me prevenir com comida. Tinha um bocado de queijo e uma peça de fruta.

Preparava-me para iniciar o banquete quando uma peregrina, senhora para sessenta e tal anos, me convida para jantar na sua mesa.  Estava com a sua amiga tambem da mesma idade.
Devem ter pensado: temos de socorrer aquele desgraçado senão, a comer assim, amanhã nem força tem para pegar na bicicleta.
Dividiram o seu jantar comigo.  Não me lembro o que comi. Mas o momento foi delicioso.

Primeira lição: Solidariedade.

Quais eram as suas historias?

Estavam ambas reformadas, uma foi professora e a outra foi secretária clinica de um consultório médico.
Decidiram fazer o Caminho de Santiago a pé
.... com um burrinho. Fiquei estupefacto.

Contaram que nunca antes tinham lidado com animais. Mas ao fim de alguns dias de marcha já eram um trio unido.

 A etapa desse dia tinha sido dura. Os peregrinos e bicigrinos (peregrinos em bicicleta) tem de passar várias cancelas de gado estreitas, e presas com uma mola teimosa.
 Imaginem em terreno acidentado a subir. Segurar a cancela com uma mão.  Com outra mão empurrar ou puxar a bicicleta pesada, era como calhava. E os pés a escorregar na lama. Disse muitos palavrões.

Ora estas senhoras contaram-me a rir divertidissimas, que nas primeiras cancelas demoravam quase duas horas a retirar os alforges do burrinho, e voltar a colocá-los após a cancela. Mas depois com a frequencia da manobra demoravam menos de metade do tempo.

Segunda lição: Há sempre alguem com um problema pior que o nosso.

As senhoras não dormiram no albergue. Dormiram em tenda no jardim do convento, junto ao burrinho. Mais admiração ainda.

Com manifestei espanto disseram-me: isto não é nada. Com um dia de avanço, está uma familia francesa, composta por um casal e quatro crianças mais dois burrinhos.

Duas meninas de 8 e 12 anos, um rapazinho de três anos e um bébé de 18 meses!!!!!!

Quatro crianças a pé até Santiago, a acampar... 2 meses.

Terceira lição: A vida tem muitas cores e sabores.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Porquê agora?

Tenho feito ultimamente viagens em bicicleta, que só os familiares mais chegados têm conhecimento.

Desta vez é diferente.

Este ano o orçamento é baixo. Estou no limite entre levar tenda de campismo e consumir comida de supermercado e o alojamento entre quatro paredes e uma refeição quente ao fim do dia.

Necessito de muita divulgação para arranjar alojamento em casa de pessoas que vivem nas cidades onde vou passar.

A vossa ajuda é muito importante fazendo passar a noticia desta aventura de boca em boca.

Se conhecerem alguem que possa oferecer alojamento por uma noite, nas cidades: Hamburgo; Sittensen; Bremen, Osnabruck, Munster, Dusseldorf, Colónia, Bona, e Aachen em território Alemão. Depois Liége, Namur, Charleroi (Bélgica); Oise, Compliégne, Roissy, Orleães, Paris, Tours, Angouleme, Bordéus, Bayone (França). Deixem um comentário no Blog ou Facebock.

Fazer campismo e viajar de bicicleta é agradável, mas implica mais peso e mais esforço fisíco.

Apreciem esta subida que tive de fazer algures em Itália, e imaginem o trabalhão que me deu.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Um pouco de historia

Aos poucos vou avançando entusiasmado nestes caminhos dos Blogs, faceboock, twiter, etc. Mais ou menos como comecei a fazer Caminhos de Santiago. A descoberta de novos Mundos.
Assim apartir de agora colocarei algumas fotografias das viagens e um comentário sucinto.
Falando um pouco da razão do titulo deste Blog " A Vida em duas Rodas". Desde jovem sou apaixonado das duas rodas. Primeiro duas rodas com motor e agora nesta fase da vida ....sem motor. É  ecologico, saudável para o fisíco e sobretudo mais contemplativo.
Nesta foto da Viagem desde Roma, captada no maciço central francês. No dia seguinte verifiquei que tinha as orelhas queimadas pelo frio.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Agradeço as simpaticas palavras destes dois jovens que encontrei em Campo Maior, e que tão bem me receberam. Lamento só agora responder, mas sou um pouco distante destas novas tecnologias.
Mas o que me faz neste momento estar a escrever no Blog que a minha familia, criou para mim, é a próxima viagem.
Neste 2014 o projeto é Hamburgo-Santiago de Compostela.
Utilizando partes da EuroVelo (Rede Europeia de Ciclovias) e a Rota dos Peregrinos, que começa na Noruega e termina em Santiago.
Como os dias de férias não esticam e tenho de reservar alguns tambem para a família, a ideia é:

Partida em fins de Abril em Hamburgo. Passagem por Bremen, Colónia, Namur (Bélgica) Orleães (França) Paris, Tours, Bordéus, Pamplona (Espanha) Leon, e Santiago de Compostela.
Cerca de 3000 Km em +- 45 dias.

Nas viagens que tenho feito não procuro luxos. Tento sempre gastar o menos possível. Na última viagem realizada em Junho passado em Portugal, acampei e cozinhei.
Gastei 140 € em 19 dias. Foi um bom exercício de disciplina económica.

Para esta viagem de 2014, no Norte da Alemanha em Abril está frio e provávelmente neve.
Penso não ser possível acampar.

É aqui que a vossa ajuda é preciosa. Conto convosco para divulgarem esta aventura aos vossos amigos, conhecidos e empresas. O objectivo é angariar apoio financeiro que me permita pernoitar abrigado e ter uma refeição quente ao jantar.
Vários amigos já se disponibilizaram para colaborar mas ainda estou aquem do orçamento estimado.
Penso que a Sic irá fazer uma pequena reportagem da partida e está alinhavada uma entrevista na RFM, ainda sem data marcada.
Em troca, nada tenho para vos oferecer, a não ser contar as minhas experiencias... ao meu jeito.
Obrigada a todos.