Está no mundo da musica e dos portugueses.
Em mim está na minha memória afectiva.
Era o mês de Dezembro. Vinhamos de San Jean Pied de Port, no Caminho Francês. Desta vez na companhia do Jaime. Amigo de longa data e homem destas e de outras andanças.
Estávamos na zona de El Burgo Renero e Mansillas de Las Mulas.
Parámos no bar mais icónico do Caminho Frances de Santiago.
Este mesmo. Diferente não é?
Esta aparência não é só por fora.
Dentro tem as paredes repletas de inscrições, mensagens, bandeiras, moedas e notas esquesitas, conchas. Enfim um colorido que transformou este bar num ponto de passagem obrigatório a todo o peregrino que se preze.
Entrar neste bar, é respirar e sentir o espirito do Caminho.
Desta vez, estava a tocar num aparelho manhoso, a musica Saudade da Cesária Évora.
Fiquei anestesiado. Estava a ouvir em lingua portuguêsa, a musica que fala de um sentimento que só os portugeses sabem o significado deste vocabulo.
A saudade.
E foi ao som da Saudade que saboreei o bocadilho. Com o olhos no prato, para não ser perturbado por mais nada. Aquele momento era meu.
Acordei daquela letargia, quando o dono do bar dizia ao Jaime que tambem gostava de fado.
Lá tentei explicar que era uma morna cabo verdiana. Mas não insiti. O homem era teimoso e eu não queria esquecer a magia da musica.
Continuámos o nosso Caminho sem falar, mas a soletrar a musica em pensamento.
Ao chegar a Portugal percebi que a Cesária tinha falecido.
A Saudade continua viva em mim.
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