João Paulo Fonseca

João Paulo Fonseca

sábado, 29 de março de 2014

Cesária Évora

Está no mundo da musica e dos portugueses.

Em mim está na minha memória afectiva.

Era o mês de Dezembro. Vinhamos de San Jean Pied de Port, no Caminho Francês. Desta vez na companhia do Jaime. Amigo de longa data e homem destas e de outras andanças.

Estávamos na zona de El Burgo Renero e Mansillas de Las Mulas.

Parámos no bar mais icónico do Caminho Frances de Santiago.

Este mesmo. Diferente não é?

Esta aparência não é só por fora.

Dentro tem as paredes repletas de inscrições, mensagens, bandeiras, moedas e notas esquesitas, conchas. Enfim um colorido que transformou este bar num ponto de passagem obrigatório a todo o peregrino que se preze.

Entrar neste bar, é respirar e sentir o espirito do Caminho.

Desta vez,  estava a tocar num aparelho manhoso, a musica Saudade da Cesária Évora.

Fiquei anestesiado. Estava a ouvir em lingua portuguêsa, a musica que fala de um sentimento que só os portugeses sabem o significado deste vocabulo.

A saudade.

E foi ao som da Saudade que saboreei o bocadilho.  Com o olhos no prato, para não ser perturbado por mais nada. Aquele momento era meu.

Acordei daquela letargia, quando o dono do bar dizia ao Jaime que tambem gostava de fado.

Lá tentei explicar que era uma morna cabo verdiana. Mas não insiti. O homem era teimoso e eu não queria esquecer a magia da musica.

Continuámos o nosso Caminho sem falar, mas a soletrar a musica em pensamento.

Ao chegar a Portugal percebi que a Cesária tinha falecido.

A Saudade continua viva em mim.

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